sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sobre Marina no Roda Viva

Achei no Facebook,  a opinião de Roberto Bitencourt da Silva, no perfil "Ocupa a Rede Globo". Infelizmente não consegui achar o perfil ou o site onde ele pode ter posta originalmente a sua posição. Em tempo, agradeço ao companheiro Fábio Mesquita, que inicialmente compartilhou o texto comigo.
Fato é que gostei da visão que ele dá do fenômeno Marina Silva e acho que é uma boa opção para começarmos a discussão sobre quem é realemnte e o que pretende Marina Silva.
Então, abaixo, reproduzo o texto:

"Nunca prestei tanta atenção no discurso da sra. Marina Silva quanto nesta entrevista concedida ao Roda Viva, evidentemente, por conta da possibilidade de surgimento de mais um partido político no País - no caso, sob a sua liderança. Entendi porque nunca me chamou a atenção... É muito articulada, tem seguramente predicados retóricos que guardam apelo para certos segmentos da sociedade brasileira. No entanto, em que pese a forma eventualmente simpática e contemporânea, o conteúdo político é paupérrimo e conservador!

Assisti a sua entrevista e nada vejo que se pareça com um programa político. Reformas das "práticas e dos comportamentos políticos"? A ideia em si é boa, mas, qual é o sentido do que a dona Marina chama de "novo protagonismo político do cidadão em face dos monopólios dos partidos"? Parece que apenas a atender, eventualmente, aos impulsos narcísicos das pessoas por serem ouvidas pelas lideranças políticas. Isso pq a candidata para 2014 não oferece uma proposta sequer de sociedade, uma orientação efetiva de mudança na sociedade, que dê sustentação a tal "protagonismo cidadão"...

Ainda segundo dona Marina, as categorias "direita" e "esquerda" estão "superadas". Portanto, ela se apresenta como a "porta-voz" da "mudernidade" complexa dos novos tempos, que não tenderia mais a enquadrar tal polarização... Ô dona Marina, dá uma lida no "Direita e esquerda" do cientista político Norberto Bobbio pra ver se a sra. entende o sentido da antiga - e bastante atual - polarização! Como se sabe, uma divisão entre os q são a favor ou contrários à igualdade social e econômica.

De acordo com a liderança da Rede ("Rede do Pesca Otário", rss, conforme a irônica designação dada pelo mestre Aluizio Alves Filho) a agenda política do Brasil deve adentrar o século XXI. Para a dona Marina ainda nos encontramos, anacronicamente, operando com uma agenda dos séculos XIX e XX. Bom, mas o País já realizou a reforma agrária? Já suprimiu o latifúndio? Já oferece educação e saúde de qualidade para todos/as? Já introduziu uma reforma tributária progressiva? Já está taxando as grandes fortunas? Já exerce plenamente a sua soberania nacional? Já possui uma mídia plural? Já reduziu drasticamente as desigualdades sociais e econômicas? Enfim, o nosso País já realizou as reformas elementares para a construção de uma sociedade que se possa, minimamente, ser chamada de democrática? Como penso que não fizemos nada disso, a agenda política só pode mesmo, em grande medida, ser a dos séculos XIX e XX, em virtude mesmo do nosso renitente atraso em resolver problemas históricos que se arrastam até hoje. Colocar pra baixo do tapete estas questões é, no minimo, iludir as pessoas."